QUARENTENA



Ela nos pegou, a danada. No exato momento em que o nosso processo cênico, o jogo em cena se mostrava rico em possibilidades. Justamente, quando o cruzamento de vozes e olhares apontava muitas direções, ela nos colocou em isolamento.

Estamos cada qual no seu canto, buscando maneiras de dar continuidade em um trabalho que só reverbera no encontro entre corpos, poros, respiração.

Pensar o teatro em teleconferência é possível. Fazer o jogo teatral acontecer só no campo do virtual é que são elas.

Mas o mundo mudou. O tempo se configura entre álcool gel, máscaras higiênicas, carência de abraços, apertos e beijos. Os encontros, mais do que nunca, são direcionados pelos celulares e computadores. 

A próxima mudança será sem aparelhos. A telepatia, a intuição estarão no comando. Mas agora, ainda, não.

E, iniciamos Abril, tentando entender como continuar nosso processo enquadrados em telas de celulares e monitores.


Corpos Enquadrados - Encontro de1º de Abril

Esse confinamento no qual a pandemia do corona vírus nos impôs nos levará a redimensionar o teatro? Não só o teatro, mas toda nossa vida, nosso modo de ver e estar no mundo?

No encontro de hoje, 07/04/2020, apesar da minha briga em me acertar com o ZOOM, surgiram ideias que levam nossa experiência cênica e dramatúrgica para outros lugares. Outros assentamentos para além do campo de concentração. Possibilidades estéticas que alteram toda a ideia primeira. No entanto, apenas, estamos tateando.

Encontro de 07/04/2020

Vamos tentar, na medida em que nosso mapeamento de ideias e ações se elucidam, compartilhar esse traçado sem régua e sem compasso, em um tempo verticalizado na solidão dos corpos e no esvaziamento da presença cênica. Afinal, quanto tempo o vazio preenche uma cena?

José Fernando P. de Azevedo - conduzindo nosso encontro de 07/04











Comentários